sexta-feira, 24 de setembro de 2010

cultura visual



Faço uma tentativa de escrever aqui o que pode ser uma reflexão para mim mesma, que entrei em conato com este termo aqui em Barcelona no mestrado em Artes Visuais e Educação.
Resgato anotações do meu caderninho de bolinhas. Era dia 28 de outubro de 2008, assim que já faz quase dois anos que estou mergulhada neste contexto. Mergulhada não porque ainda não cheguei ao fundo desta discussão, se é que algum dia chegará. Sinto-me na superfície deste tema. Sinto-me mais ainda na superfície porque me distanciei do meu campo de atuação que era uma sala de aula na cidade de Curitiba, para entrar no campo temido da tão misteriosa “academia”. De fato, este distanciamento físico e emocional com meu campo de atuação sugeriu muitas mudanças aos quais resisti muitíssimo. Uma hora a gente sai de casa e percebe ao sair o quanto nossa casa era boa e que, não devemos simplesmente sair e começar a acreditar em tudo o que falam pra gente. Eu sempre desconfiei.
Neste dia tive aula com o professor Fernando Hernandez, minha referência bibliográfica no Brasil e que, um dia meu orientador. Mais desorientador que orientador. Explico. Cheguei depois de muitos anos sem ser aluna a uma aula e foi a coisa mais incrível que me aconteceu profissionalmente em muito tempo. Fora o catal4ao, o fuso horário, a distância emocional e física e todas as adaptações e  inadaptações possíveis escutei pela primeira vez: Olviden la Historial Del arte, hablemos de Cultura Visual.
Difícil é esquecer-se de algo que esteve presente no meu imaginário por tantos anos e que estava pressente em toda a minha pratica profissional e começar a “acreditar” numa nova teoria, ainda que importada, colonizadora e dentro de um contexto social muito diferente ao qual eu conhecia. Na verdade entendi que o esquecer não é esquecer completamente e sim, fazer uma revisão da história da arte.
Primeiro eu ouvi que a Cultura Visual é um campo multidisciplinar. De fato é. Um campo que circula entre áreas, estudos culturais, antropologia, educação, arte, sociologia, estudos de gênero com pitadas de psicologia.  A construção das disciplinas como conhecemos é relativamente nova, vem do século XIX, portanto a construção da “nova” disciplina Cultura Visual é um campo multidisciplinar é também um campo bastante heterogêneo, portanto os referentes não são unidirecionais, a quantidade de referenciais é vasta e abrangente, o que pode ser algo perigoso na hora de escolher com quais autores conversar.
Cultura visual é um campo de estudos do visual e que tem mais a ver com a gente do que podemos imaginar. Não havia pensando ainda na maneira como isso poderia transformar minha maneira de me relacionar com arte e com o ensino da arte.
Para a cultura visual o que te interessa são os efeitos discursivos das imagens. Não tem muito a ver com o que se vê e sim com o que fazemos com o que vemos e colocamos em contexto, por isso as imagens, tanto da história da arte como conhecemos, como as imagens que estão ao redor de nós, podem ser colocadas e discutidas dentro de um mesmo contexto- o seu, o meu, o nosso.

Continua...

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

os classificados


Caderno de classificados é uma idéia nascida entre um café e um chineque dentro de uma panificadora em Curitiba. Idéias nascem de momentos vaõs e que vão pouco a pouco tomando alguma proporção. A princípio os CLASSIFICADOS são textos, idéias, fotografias e imagens que chamos de pequenas etnografias visuais, pequenas cartografias de conhecimentos ligados às artes, literatura, sociologia, antropologia, geografia, educação entre outras áreas de conhecimento que podem agregar algo ao pensamento contemporâneo. Nada mais é que classificar pensamentos para serem expostos aqui e, futuramente se tornarem uma publicação “no papel”, como antigamente.
Muitas vezes aparecerão aqui textos em castellano, porque atualmente estou vivendo na Espanha e, muito do que tenho lido ou entrado em contato está escrito em castellano. Creio que não seja necessário traduzir tudo o que escrevemos, já que de alguma forma acabamos entendendo. Pode ser que alguma vez ou outra aparecem também textos em inglês.
Muitas vezes publicaremos imagens, sem texto.
O mais importante é a classificação que damos às coisas, como as chamamos e dividimos, ou catalogamos, ou distribuímos, ou encaixotamos, enfim classificamos.
Compartimentamos o conhecimento, dividimos por interesses, repartimos por temas, distribuímos por áreas.

CADERNO DE CLASSIFICADOS é uma plataforma de publicações e ações colaborativas que fomenta discussão em torno da arte/educação/sociedade.

Ana Paula Luz
emaildaluz@gmail.com